A pergunta pelo SER HUMANO ecoa do Paraíso. Ela é a pergunta do Criador pela sua criatura. A resposta a ela define o caráter da “Missão Evangélica”. Ela irrompe num contexto. – “ADAM onde estás?” Onde você se meteu ADAM. Em outro contexto a pergunta é de Jesus: - “Onde o colocaste?” Diante desta indagação só uma resposta é adequada: - “Senhor, vem e vê!”

A atitude do Criador e do Salvador é a mesma. Ele veio ver o que é feito do SER HUMANO. Ele veio visitá-lo para restaurar a verdadeira imagem e semelhança de Deus. Aliás, o Verbo se fez carne, proclama João para revelar a plena imagem de Deus. O Verbo –Deus se fez gente por inteiro. Esta é a medida de humanidade que Deus requer de suas criaturas a cada geração. Esta pergunta emerge de um contexto. Por isso a resposta também vem de um contexto. Este contexto sempre envolve a criação num momento situado e datado. A resposta à pergunta de Deus mexe com a história do ser humano.

Neste blog manifesta-se uma constante busca de ouvir a pergunta do Criador pelo SER HUMANO e por tentativas de responder a esta pergunta dentro do contexto da cidade. Pois, afinal, somos urbanóides pós-hiper-modernos que habitamos aglomerados citadinos onde temos a vocação de “SERMOS HUMANOS”. Os referenciais definidores do ser e do humano variam de acordo com as filosofias e convicções pessoais. Esta pagina é reflexiva e dialogal. Sem pretensões conclusivas ou dogmáticas. Prefere-se a postura da agulha e da linha que tenta costurar, à função da tesoura que seleciona cortando tudo o que não cabe no molde.

Seja bem-vinda! Seja bem vindo! Seja comigo um construtor do “SER HUMANO”!


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

CONVERSÃO A CRISTO

O caminho para a nova vida em Cristo e suas implicações pessoais e comunitárias.

Você é casado ou solteiro? Ora, toda pessoa sabe a resposta sem pestanejar. Como alguém sabe se é casado ou solteiro? Elementar! Sou casado porque num dia muito especial assumi, publicamente, este compromisso diante de Deus e das pessoas. Quanto a isso não tenho dúvidas.

Agora, se alguém lhe pergunta: Você é convertido? Sim ou não? Como saber a resposta? Muito simples: uma pessoa convertida é alguém que, algum dia, assumiu pessoalmente, o compromisso de viver uma nova vida com Cristo. É a resposta pessoal à graça de Deus oferecida no Batismo que insere a pessoa na vida ativa da comunidade de fé.

O apóstolo Paulo disse: “agora não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive em mim”. Com a sua conversão a Cristo aconteceu uma ruptura com o antigo modo de viver com seus costumes e valores. De perseguidor dos cristãos, Paulo passou a amá-los e a defender sua causa. Ela passou por uma experiência mística/espiritual marcante que produziu uma virada radical em sua vida. Esta experiência marcou uma ruptura com o passado e o início de um processo de transformação, de conversão.

O Novo Testamento usa várias palavras para significar esta experiência operada pelo Espírito Santo a partir do Evangelho. Tais como: “justificação por graça mediante a fé”, “novo nascimento”, “receber a Jesus”, “nascer do Espírito”, “amar”, “crer”, “nascer da justiça”, etc. A conversão sempre significa mudança: ruptura com o passado sem Cristo e a entrada para a comunidade cristã.

Batismo Infantil e conversão

Qual a relação entre batismo infantil e conversão? Em nossa Igreja, ao batizar uma criança, é praxe reunir os pais e padrinhos para uma palestra batismal. Sempre é enfatizado que a graça oferecida por Cristo no batismo espera uma resposta consciente e pessoal do batizado. Para ajudar os pais a “ensinar todas as coisas” a Igreja estabeleceu o período do Ensino Confirmatório. É um tempo em que os pré-adolescentes são preparados para dar seu “sim” às promessas do batismo, ou seja, a sua Confirmação.

Por que isto é necessário? Não basta ser batizado, o rito batismal não é mágico. É imprescindível viver o batismo no dia a dia. Disse Jesus: “Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado”, mesmo que for batizado! Assumir o batismo no dia-a-dia é viver em novidade de vida. Isto é conversão.

Lutero era batizado. Ele se preparava para ser sacerdote mas vivia em profunda angústia existencial. Esta só foi superada no dia em que entendeu o significado da “justificação por graça”. Ele confessa que naquele dia os céus se abriram sobre ele. Então passou a viver em paz com Deus. Esta descoberta do Deus misericordioso significou uma mudança em sua vida.

Eu lembro o dia da minha conversão como lembro o dia do casamento. Foi uma experiência maravilhosa e dou graças a Deus por ela. Outras pessoas não lembram este dia nem passaram por uma experiência mística marcante, mas vivem sua fé com alegria e bom caráter. Isto é o que importa.

Viver no Evangelho é mais significativo que colecionar experiências. A conversão é uma resposta ao Evangelho que leva ao discipulado de Jesus e remete a pessoa à comunidade de fé. Isto é graça imerecida e, ao mesmo tempo, responsabilidade intransferível. Paulo exorta a igreja filipense: “desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor. Mas saibam que Cristo opera isto em vocês".

Conversão e cidadania

O apóstolo Pedro enfatiza as implicações pessoais e comunitárias da conversão ao afirmar: “Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas, e de toda sorte de maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado crescimento para a salvação, se é que já a tendes a experiência de que o Senhor é bondoso” (1 Pe 2.1-3).

Quem abraça a vida cristã faz uma ruptura com o antigo padrão de vida para assumir um novo comportamento ético. A vida cristã é um processo de permanente transformação. Ninguém nasce pronto. Todas as pessoas precisam crescer para alcançar a maturidade. É necessário que haja zelo para que a vida em Cristo se imponha sobre os antigos valores. Sem uma sólida doutrina bíblica ninguém alcança esta vitória.

Diz-e que cada cristão precisa de duas conversões fundamentais: um para Cristo e outra de volta para seu contexto social.

Cada pessoa cristã é portadora de dupla cidadania: é cidadão do Reino de Deus comprometido com os valores do Evangelho; é cidadão brasileiro a serviço da transformação de sociedade em que vive.

O processo de conversão pode ter dia e hora para começar, porém, não tem hora para estar completado. Cada “nova criatura” está em constante processo de conversão. É a bondade de Deus que nos conduz neste processo em busca de vida digna e plena.

Arzemiro Hoffmann – missiólogo, professor na FATEV, Curitiba/PR, com licenciatura plena em Filosofia e Mestrado em Missão Urbana.

Este artigo foi publicado na revista Novo Olhar, ano 9, número 42, nov. e dez. 2011.


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