A pergunta pelo SER HUMANO ecoa do Paraíso. Ela é a pergunta do Criador pela sua criatura. A resposta a ela define o caráter da “Missão Evangélica”. Ela irrompe num contexto. – “ADAM onde estás?” Onde você se meteu ADAM. Em outro contexto a pergunta é de Jesus: - “Onde o colocaste?” Diante desta indagação só uma resposta é adequada: - “Senhor, vem e vê!”

A atitude do Criador e do Salvador é a mesma. Ele veio ver o que é feito do SER HUMANO. Ele veio visitá-lo para restaurar a verdadeira imagem e semelhança de Deus. Aliás, o Verbo se fez carne, proclama João para revelar a plena imagem de Deus. O Verbo –Deus se fez gente por inteiro. Esta é a medida de humanidade que Deus requer de suas criaturas a cada geração. Esta pergunta emerge de um contexto. Por isso a resposta também vem de um contexto. Este contexto sempre envolve a criação num momento situado e datado. A resposta à pergunta de Deus mexe com a história do ser humano.

Neste blog manifesta-se uma constante busca de ouvir a pergunta do Criador pelo SER HUMANO e por tentativas de responder a esta pergunta dentro do contexto da cidade. Pois, afinal, somos urbanóides pós-hiper-modernos que habitamos aglomerados citadinos onde temos a vocação de “SERMOS HUMANOS”. Os referenciais definidores do ser e do humano variam de acordo com as filosofias e convicções pessoais. Esta pagina é reflexiva e dialogal. Sem pretensões conclusivas ou dogmáticas. Prefere-se a postura da agulha e da linha que tenta costurar, à função da tesoura que seleciona cortando tudo o que não cabe no molde.

Seja bem-vinda! Seja bem vindo! Seja comigo um construtor do “SER HUMANO”!


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

BENÇÃOS X COMPROMISSO

BÊNÇÃOS x COMPROMISSO
Mandar em Deus ou obedecê-lo?
ESTUDO DE JOÃO 6.60-71 NO CONTEXTO RELIGIOSO
“PÓS-MODERNO”

COMO VOCÊ SE SENTE SENDO OBREIRO/A NO ATUAL MERCADO RELIGIOSO?
COMO ESTÁ SUA AUTO-ESTIMA AO PERCEBER QUE UM SIGNIFICATIVO NÚMERO DE MEMBROS DE SUA COMUNIDADE FREQUENTAM OUTROS CULTOS, ASSISTEM E OUVEM SEUS PROGRAMAS REGULARMENTE?

POR QUE TUDO GIRAM EM TORNO DO PRESENTE?
POR QUE O APELO RELIGIOSO DA MÍDIA ESTA CENTRADO NO MILAGRE IMEDIATO?
O QUE “ROUBOU” O NOSSO FUTURO?

PARA COMPREENDER O TEMPO PRESENTE QUE MUITOS CHAMAM DE “PÓS-MODERNIDADE”, PRECISAMOS ENTENDER O SIGNIFICADO DO:
FRACASSO DOS TRES GRANDES DISCURSOS DA MODERNIDADE

O FRACASSO DAS IDEOLOGIAS OU DO DISCURSO IDEOLÓGICO
O BLOCO DA IDEOLOGIA SOCIALISTA TINHA POR META ALCANÇAR UMA SOCIEDADE DE IGUAIS, ISTO É, A SUPERAÇÃO DE OPRESSORES E OPRIMIDOS
UMA SOCIEDADE SEM CLASSES
O SOCIALISMO REAL SUCUMBIU POR CAUSA DE SUA CORRUPÇÃO E DO USO
DO PODER SEM ESCRÚPULOS

O BLOCO DOMINADO PELA IDEOLOGIA CAPITALISTA REINA SOBERANO DESDE A QUEDA DO MURO DE BERLIN 1989, COMO CAPATISMO DE ESTADO OU PRIVATIVO
SUA CRENÇA RESIDE NA ESPERANÇA DE QUE O “MERCADO” REGULE AS RELAÇÕES ENTRE OS PAÍSES E AS COMUNIDADES
O RESULTADO PRÁTICO DESTA IDEOLOGIA É A EXCLUSÃO DE DOIS TERÇOS DA HUMANANIDADE QUE FICAM RELEGADOS À MISÉRIA


O FRACASSO DO DISCURSO CIENTÍFICO
A MODERNA CIÊNCIA FAZ AMPLOS PROGRESSOS EM TODAS AS ÁREAS DO SABER
ELA FACILITA A VIDA DE MUITOS E SOLUCIONA MUITO PROBLEMAS
MAS, A QUE PREÇO?
SEUS CUSTO É A EXAUSTÃO DO PLANETA TERRA.
VALE A PENA SONHAR COM UMA EXPECTATIVA DE VIDA HUMANA DE MAIS100 ANOS, SE A
EXPECTATIVA DE VIDA DO PLANETA AQUENTA CERCA DE 50 ANOS?????



O FRACASSO DO DISCURSO RELIGIOSO
AS RELIGIÕES SE PROPUNHAM A TRAZER O REINO DE DEUS, A FRATERNIDADE UNIVERSAL, UM REINO DE PAZ, O AMOR COMO VALOR DOMINANTE...
NA PRÁTICA O DISCURSO RELIGIOSO SUCUMBIU AOS INTERESSES DA POLÍTICA DOMINANTE
PERDEU SEU CARÁTER PROFÉTICO
SUCUMBIU A IDEOLOGIA DO MERCADO, PROMOVE O TERRORISMO (SALVO RARAS EXCEÇÕES)

COMO RESULTADO DESTE FRACASSO TEMOS UMA SOCIEDADE SEM FUTURO QUE TENTA ETERNIZAR O PRESENTE
COMO?
ATRAVÉS DO HIPER-CONSUMISMO
DO HIPER-INDIVIDUALISMO
DO HIPER-NASCISISMO


PARA DENTRO DESTA REALIDADE ECOA A INDAGAÇÃO:

SENHOR, A QUEM IREMOS?


COMO A PROPOSTA EVANGÉLICA PODE RESPONDER AS GRANDES QUESTÕES QUE INQUIETAM O “URBANÓIDE PÓS-MODERNO”?


QUAL É O PERFIL DA RELIGIOSIDADE BRASILEIRA ATUAL?

UMA AVALIAÇÃO DA REALIDADE RELIGIOSA BRASILEIRA LEVA CONCLUIR QUE:
EXISTE UMA NOTÁVEL SEDE ESPIRITUAL
A ESPIRITUALIDADE AINDA É CONSIDERADA UMA ALTERNATIVA VÁLIDA
MULTIPLICAM-SE AS OFERTAS RELIGIOSAS

ADESÃO RELIGIOSA ACONTECE PELA VIA EMOCIONAL E AFETIVA, NÃO PELO CONTEÚDO OU PROPOSTA DA MENSAGEM
A EXPERIÊNCIA RELIGIOSA INDIVIDUAL OCUPA O LUGAR DA OBEDIÊNCIA
A CONTRIBUIÇÃO(DÍZIMO) TOMOU O LUGAR DISCIPULADO

A MENSAGEM ESTÁ CENTRADA NAS NECESSIDADES INDIVIDUAIS IMEDIATAS DOS OUVINTES NÃO NAS DEMANDAS DE DEUS
O EXIGENTE É O CLINETE – DEUS É COLOCADO NA OBRIGAÇÃO DE ATENDER O SUPLICANTE
“DEUS” PASSA A SER SERVO DA RELIGIÃO E NÃO MAIS O SENHOR
HÁ UMA INVERSÃO/PERVERSÃO DE VALORES

O MILAGRE É NOVO “ÓPIO DO POVO”
O CLIENTE QUER TUDO SEM ESFORÇO,
O TEMPLO É O CENTRO, NÃO O PROJETO MISSIONÁRIO
O URGENTE SACRIFICA O IMPORTANTE
A “FALTA DE FÉ” GERA CULPA NEOROTIZANTE, HUMILHA O DOENTE DESENGANADO

SURGIMENTO DE MEGA EMPRESÁRIOS DA FÉ
O MAIS IMPORTANTE NÃO É A “SALVAÇÃO DAS ALMAS” MAS O TAMANHO DO TEMPLO OU MODELO DO AVIÃO DO “MONARCA RELIGIOSO”
O FOCO NÃO É A REMISSÃO DOS PECADOS MAS O VOLUME DA ARRECADAÇÃO
A BENÇÃO CONFUNDE-SE COM LUCRO OU VANTAGEM
OCORRE UMA “DES-MORALIZAÇÃO” DA RELIGIÃO

O LADO DO FERVER RELIGIOSO OCORRE UM CRESCENTE SECULARISMO
A INCOERÊNCIA ÉTICA E AS MANOBRAS INTERESSEIRAS EM NOME DE DEUS NÃO FICARÃO IMPUNES
NÃO NOS ESQUEÇAMOS QUE O JUÍZO DE DEUS PRINCIPIA PELA PRÓPRIA CASA...

ESTAGNAÇÃO DE IGREJAS HISTÓRICAS
A SAGRADA CULTURA TEIMA EM NÃO DESCER DO PEDESTAL
ELA ESTÁ POR DEMAIS FOCADA NO PASSADO DO QUAL NÃO CONSEGUE LIVRAR-SE
NÃO SE PODE SACRIFICAR O FUTURO POR CAUSA DO PASSADO

SENHOR, PARA QUEM IREMOS?
TU TENS AS PALAVRAS DA VIDA ETERNA E NÓS CREMOS E SABEMOS QUE TU ÉS O SANTO DE DEUS.
A IGREJA TEM A RESPONSABILIDADE DE DISCERNIR O QUE É ESSENCIAL E O QUE É PERIFÉRICO.
SE A IGREJA CONSEGUIR SINALIZAR ISTO ENTÃO HAVERÁ FUTURO PARA ELA.

Segundo Gilles Lipovetsky, A SEGUNDA CHANCE DA IGREJA NA SOCIEDADE URBANIZADA E MASSIFICADA RESIDE EM RESPONDER TRÊS QUESTÕES VITAIS QUE EMERGEM DA REALIDADE HIPER-MODERNA E CARECEM DE RESPOSTAS
QUAIS SÃO AS QUESTÕES:

O QUE CONFERE SIGNIFICADO À MINHA VIDA?
VALOR, DIGNIDADE, SER HUMANO, SER RECONHECIDO COMO GENTE...

O QUE CONFERE SENTIDO À VIDA?
ESPERANÇA, SONHO, REINO DE DEUS, PERDÃO, GRAÇA...

O QUE ME ARRANCA DA SOLIDÃO E DA MASSIFICAÇÃO?
ACOLHIDA, PERTENCIMENTO, SUPERAÇÃO DA PESSOA COMO MOEDA DE TROCA...
RELACIONAMENTOS QUE DIGNIFICAM E INTEGRAM A PESSOA NA COMUNIDADE

IGREJAS COM MISSÃO INTEGRAL MANTÉM SUA VITALIDADE
ELAS CONJUGAM:
AFETO
NECESSIDADES - DORES
CONTEÚDO – DOUTRINA FIRMADA NAS ESCRITURAS

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

REALIDADE RELIGIOSA BRASILEIRA

Os estudiosos ou curiosos sobre o comportamento religioso brasileiro estão na espectativa dos resultados do censo em curso.
Eu tive,junto com o alunos do quarto ano da Fatev, a oportunidade de estudar este assunto ao longo de duas semanas. Assim sendo, partilho algumas reflexões sobre as tendências da religião nos próximos anos.
1. Constata-se a existência de uma "sede espiritual" no Brasil. Isto verifica-se no crescimento numérico de vários movimentos religiosos;
2. A adesão espiritual acontece pela via da "experiência" emocional-espiritual e não pelo conteúdo doutrinário da proposta religiosa;
3. As mensagens centradas nas necessidades concretas e imediatas, tais como a cura, a prosperidade, a libertação de opressão demoníaca movimentam multidões no catolicismo, no neo-pentecostalismo e assemelhados;
4. As igrejas que primam pela preservação de seu corpo doutrinário ancoradas em sua herança cultural tradicional, aliada a uma liturgia igualmente marcada pelo conteúdo, não conseguem afluência dos não-iniciados. Elas tendem a tornarem-se tribos ou guetos, sem capacidade de inserção na cultura brasileira;
5. Existe uma praga cultural chamada MILAGRE. A busca do milagre é o "ópio do povo", quer seja capitaneado pela bandeira religiosa do neo-capitalismo religioso, ou pela exploração de todo tipo de jogo e loterias. O nefasto desta praga é que ela não educa para uma vida cidadã e comunitária. Quem se enfileira por este caminho aposta no escapismo individualista. A sorte do indivíduo é o azar da comunidade.
6. Nota-se a solidificação de empreendimentos capitalistas que tem como mercadoria o desespero das massas empobrecidas. Alguns donos destes empreendimentos constroem templos e mansões nababescas, compram jatinhos, levam vida de mega empresários e, cinicamente, tentam justificar suas "bênçãos" como méritos de sua fé vitoriosa.
7. Simultaneamente, está em curso um crescente secularismo. As pessoas sem filiação religiosa, os desiludidos da religião e os indiferentes crescem na mesma proporção dos novos crentes.

ALTERNATIVAS
Sou perguntado pelo papel missionário dos cristãos.
Sou de convicção que a comunidade cristã deve pautar seu testemunho em dois elementeos fundamentais:
- uma sólida doutrina bíblica e teológica. O Evangelho do Reino de Deus proposto por Jesus exige compromisso com: a restauração da dignidade humana, a construção de uma vivência comunitária pautada pela justiça, pela liberdade e pela responsalidade pessoal e social diante da boa criação de Deus. Se a conversão pelo evangelho não redunda em nova criatura comprometida com uma nova sociedade, falta-lhe a base essencial.
- uma sensibilidade para com a dor humana individual e social(compaixão). A vocação cristã é sempre uma resposta a uma dor específica individual ou coletiva, ou ambas. O "pastoreio" precisa andar de mãos dadas com o ministério profético.
Olho com simpatia a criatividade missionária responsável pelo surgimento de milhares de "igrejas autônomas". Ao mesmo tempo, constato que há muito descaso com os conteúdos de sua fé. Quase tudo gira em torno da "experiência mística" individual sem consequências transformadoras na sociedade.

E, qual o futuro doo "neo-pentecostalismo"?
Depende! Se, por exemplo, o neo-pentecostalismo tomar o mesmo rumo da Igreja Assembléia de Deus, do pentecostalismo clássico, haverá futuro. O que fez a Assembléia de Deus? Ela também iniciou sua missão a partir dos pobres. Mas, a medida que os pobres experimentaram a ascenção social, ela os acompanhou na educação formal e teológica.
Deve-se ressaltar que a Bíblia ocupa um lugar central no pentecostalismo, ao passoo que no neo-pentecostalismo a experiência do "milagre" está muito acima da Palavra de Deus.
Se houver uma conversão do neo-pentecostlismo para o evangelho bílbico haverá futuro, caso contrário, será mais uma onda que produzirá mais vítimas e desiludidos do que prósperos em riqueza material ou espiritual.
Enfim, o contexto brasileiro ainda continua sendo uma terra fértil para a semeadura da do Evangelho. Rogo que o Espírito Santo seja acolhido na Igreja para que ela ouça a sua voz para evangelizar a presente geração!

sábado, 19 de junho de 2010

ENCONTRÃO NACIONAL JOINVILLE - 17-20/2/2007

Tema: O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? 1 Reis 19.9
Palestrante: Arzemiro Hoffmann

Introdução:
Nossa herança espiritual nos compromete com a obediência aos ensinos da Palavra de Deus.
Vamos abrir a nossa Bíblia no Primeiro livro de Reis, capítulo 19, 1-18.
Para melhor compreender a situação que o profeta de Deus enfrentou, olhemos para os capítulos precedentes:
16.29-34 – Elias atuou nos dias do Rei Acabe que era casado com Jezabel , filha do rei dos sidônios. Ela era seguidora do Deus Baal, a quem edificou um altar em Samaria. (v.31-32)
Acabe embora sendo rei em Israel erigiu um poste ídolo, pecando assim contra o Deus de Israel(v.33).
17. 1-7 – Elias prediz um grande seca sobre a região. Depois, em obediência à palavra do Senhor retira-se.
8-24- Elias é sustentado pela provisão de Deus: através de corvos e pela viúva de Sarepta, de quem ressuscitou o único filho que havia morrido.
18.1-19 – Obedecendo a palavra do Senhor Elias volta a encontrar-se com o rei Acabe.
20-40 – O desafio do monte Carmelo: Elias e os 450 profetas de Baal.Deus manifesta sua poderosa mão; manda fogo do céu para manifestar que ele é o Deus de Israel. Elias mata os 450 profetas de Baal.
41-46 – Elias ora para que chova.
Em síntese:
Elias viveu sob um governo idólatra e perseguidor; em tempos de calamidade e seca. Parece que o povo de Israel vivia em perseguição,o silêncio e apatia. Nas palavras de Elias: deixaram a aliança, mataram os profetas, fiquei só e ainda procuram tirar-me a vida( v. 10b, 14b). Ele foi único que abertamente viveu a fidelidade de Deus ao seu chamado: solidão e fidelidade.
Deus fez Elias experimentar diversos sinais e milagres para lhe dissipar todas as dúvidas a respeito do poder e os desígnios do verdadeiro Deus.


1. QUE FAZES AQUI, ELIAS? I Rs 19.9

Como Elias enfrenta o dia seguinte à contundente vitória do poder de Deus sobre os falsos profetas de Baal?
A dura ameaça por vingança feito por Jezabel (19.2), enche Elias de medo
e ele foge para salvar a sua vida (v.3). Ela deixa para traz o seu moço e foge para o deserto. Senta-se à sombra de um zimbro e pede para morrer: v.4-5a.
Através de um anjo Deus o sustentou para uma jornada de 40 dias até Horebe, o monte de Deus (v.5). Ali se refugiou numa caverna.
O que fazes aqui, Elias?, é a pergunta do Senhor. Deus não desperta, sustenta e fortalece para fugirmos para uma caverna.
Olhemos para Elias, (sem querer fazer uma psicanálise de sua pessoa) no stresse, esgotamento (bournot) ou depressão que ele se encontra, é incapaz de olhar para traz e enxergar o que Deus fez; descolado de seu passado é incapaz vislumbrar um futuro. Por que? Ele está debruçado sobre si mesmo em como salvar a vida. Ele entrou caverna (v. 9). E segundo ele, sua vida não vale grande coisa. (Estar entregue a si mesmo é a maior desgraça que pode sobreviver a uma pessoa (Rm 1.19). Deus não permite que isso aconteça a seus filhos).
Deus não deixou Elias perdido na sua na caverna, mas o chama a subir o monte para uma meditação. Elias precisou acordar para uma nova percepção de Deus: o agir de Deus não se limita à tempestade, ao terremoto e ao fogo. Parece que Elias precisa uma experiência significativa de Deus e não de milagre. Daí a razão da manifestação de Deus numa brisa suave. (Queremos Deus ou as coisas de Deus? Seu poder, seus milagres, sua bênção??).
Elias volta do monte envolto em seu manto e pos-se à entrada da caverna.
Veio-lhe pela segunda vez a indagação de Deus: Que fazes aqui, Elias?
Na crise ou encruzilhada da vida, Deus conduz Elias não a fazer os mesmos grandes feitos como no passado. Mas lhe aponta o futuro e o quer tem a fazer para aproximar o futuro. Cuidar e preparar a liderança para o amanhã. O horizonte do futuro não são os inimigos dos passado. O horizonte do futuro é Deus mesmo. Mas o deserto está no passado, presente e no futuro.
Agora é outro tempo, volta às veredas antigas, retoma o teu ministério, cuida do discipulado e de quem serão os líderes da próxima geração. Deus se manifestará mais na consolidação de sua obra do que no espetáculo de seus feitos.
Amplia o teu horizonte! Você não está só. Tenho sete mil em Israel que não dobraram seus joelhos a Baal (v.18). Cuida, apascenta, lidera o meu rebanho.

2. DE ELIAS PARA O MOVIMENTO ENCONTRÃO

Que fazes aqui, Movimento Encontrão? Qual a tua visão? Qual a tua missão?
Estás numa encruzilhada entre ser Movimento ou obedecer à instituição?
O que deve ser nossa prioridade? Qual o nosso pertencimento no século XXI?

Como nascemos? Como era a conjuntura política e religiosa na década de 1960-70?
O Brasil viveu naquela época um conflito de poder e governabilidade. A grande burguesia nacional e internacional aliada às forças Armadas com apoio da CIA norte-americana, implantaram a partir de 1964, o Regime Militar no Brasil e nos principais países da América do Sul para combater o avanço do comunismo internacional.

Conjuntura religiosa. A IECLB era maior igreja evangélica do Brasil. Tinha em seus quadros de obreiros um alto percentual de pastores estrangeiros. O trabalho predominante era o atendimento das comunidades, marcadas pela tradição alemã de cunho rural. Mas havia liberdade para evangelizar e apoiar iniciativas de trabalhos além das fronteiras paroquiais. Era uma liberdade de ação missionária sem um patrulhamento teológico ou ideológico oficial. A teologia liberal, neste sentido, era tolerante.
Durante o Governo Militar chegaram ao Brasil inúmeras missões para-eclesiásticas de cunho conservador. Trouxeram muita inovação de metodologias missionárias, novos modos de celebrar e criatividade para evangelizar.

O Nascimento do Movimento Encontrão
O ME surgiu com uma identidade clara: Evangelizar os batizados da IECLB, edificar a vidas dos novos convertidos e treinar as lideranças: Tripé.
Ninguém se preocupava muito com a estrutura e os cargos na Igreja. Nosso alvo maior era salvar almas para Jesus. Embora fossemos chamados de pietistas, ou a nossa teologia era criticada como sendo batista e consevadora, nosso foco era a evangelização. Partilhávamos da convicção que as pessoas batizadas precisam conhecer a justificação por graça e fé. Esta é a promessa feita no batismo de crianças.
Pertencia ao Encontrão que praticava o tripé: nossa visão ficou estabelecida nesta frase: “Preparando discípulos nos moldes praticados por Jesus queremos dar a nossa contribuição para o Reino de Deus a partir da IECLB”.
Ao longo de 40 anos experimentamos a fidelidade de Deus na consolidação do maior movimento organizado na IECLB. Os poucos se tornaram em milhares...

40 ANOS DEPOIS...
Brasil redemocratizado oferece ampla liberdade religiosa. Estamos mergulhados no mercado religioso. A divulgação da Bíblia ocupou a mídia: rádio, jornal, TV, internet. Vivemos um tempo pós-institucional. As pessoas fazem suas escolhas espirituais sem perguntar a opinião dos pastores ou das igrejas.
Multiplicam-se os ministérios autônomos e as comunidades independentes. A urbanização relativizou a tradição. As fronteiras se abriram.
A IECLB passou a ser a quinta ou sexta maior igreja evangélica no Brasil, de acordo com o censo do IBGE do ano de 2000.
Passamos de uma igreja Evangélica para uma igreja Luterana. O que é ser luterano de acordo com o governo da IECLB é concordar com a linha oficial da igreja. Está muito mais vinculado à forma litúrgica e vestes talares do que ao conteúdo do evangelho. Há maior controle. E um medo de que a diversidade de ações missionárias ameaça a unidade. Assim experimenta-se um fechamento institucional.
O Movimento Encontrão, cresceu e ampliou-se.
Nossa visão do Evangelho do Reino não se limite a salvar as almas perdidas, mas está comprometida com uma evangelização integral: que conjuga evangelização, edificação, formação e serviço em contextos específicos da realidade. Nossa visão é de missão urbana que ultrapassa as fronteiras denominacionais da IECLB.
Nossa metodologia missionária integra programas como Alpha, aposta em projetos missionários nas comunidades e além delas: como Missão Zero, Ministério Jovem. Nossa formação além da liderança leiga, empresários e presbíteros, jovens, conta com a FATEV ( 15 anos e o reconhecimento do MEC) para formação ao ministério missionário e pastoral; curso bíblico no nordeste...nosso compromisso com o evangelho integral conjuga a misericórdia, e a prática da justiça do Reino de Deus, por isso dá importância para a vinculação da evangelização com a diaconia.
As nossas fronteiras missionárias ultrapassam as comunidades da IECLB.
Enfim, o nosso leque de ações de abriu muito e por isso às vezes se coloca a pergunta: afinal quem somos nós? Qual a nossa identidade? A quem pertencemos?

O que fazes aqui, Movimento Encontrão?

O Pertencimento e a fragilidade dos compromissos.
O que é pertencer a alguém?
A frágil vinculação no mundo pós-moderno é simbolizado pelos jovens na palavra “ficar”. Que significa: estar com alguém por algum tempo sem compromisso. O que determina tudo é o meu interesse ou prazer, de lado a lado.
Somos uma geração marcada pelo sentimento ou pelas emoções. As escolhas espirituais também são feitas pelo ambiente não pela essência do evangelho.
O que você está fazendo aqui Elias?
Quem era Elias e quais são os seus feitos? Em que circunstância Deus lhe faz esta pergunta? Qual era a resposta de Elias?
Por que Deus repete a pergunta? Em que circunstâncias? Como Elias responde? Como Deus reage à resposta de Elias?
Deus que mostrar a Elias que aqueles que lhe pertencem jamais estarão sozinhos. Além da presença do próprio Deus e seus anjos e tem uma multidão de intercessores ao seu lado. Estar com Deus é estar amparado. É pertencer a uma comunidade.

Por outro lado existe o exagero de expor as marcas do pertencimento. Como fazem os fazendeiros com seu gado.
Ou levando isso para dentro da igreja, nota-se que algumas tentam identificar os que pertencem a um determinado rebanho pela forma de vestir, pela consagração de costumes ou moda de roupa e cabelos compridos. Ou ainda, os que procuram usar hábitos como monges e freiras, ou vestes clericais para designar que pertencem a um rebanho distinto.
Na pós-modernidade tem ambas as experiências: os sem compromissos e os amarrados pelas formas.

Marcas do pertencimento
1 – A circuncisão como marca do povo da antiga aliança. A circuncisão como sinal ordenado por Deus a todos quantos pertenciam a seu povo.
2 - João Batista o batismo prega o arrependimento e o compromisso com o Reino de Deus vindouro. Como sinal de querer participar deste reino era exigido o arrependimento e a fé, acompanhada do sinal do Batismo.
3. No mundo secular iniciou-se a prática do uso da aliança no dedo entre as pessoas que livremente assumem um compromisso de amor mútuo.Quem usa a aliança no dedo sinaliza que é alguém comprometido.
4 – Os criadores de gado marcam o seu gado com um selo colocado no animal através da marca do fazendeiro com um ferro quente.
5 – No Apocalipse é falado da marca da besta que os seguidores do anticristo levarão na testa.
As macas externa são todas relativas. Nenhuma dá a certeza de um verdadeiro pertencimento. Paulo fala que “nem a circuncisão nem incircuncisão vale alguma coisa, mas a fé que atua no amor”(Gl 5.6). O que tem valor mesmo é a nova vida em Cristo.
Vejam aqui reside um diferencia essencial. O pertencimento tem tudo a ver com relacionamento. Isto a Bíblia chama de obediência de coração. Ou o selo do Espírito Santo.
Apc 7 –afirme que os fiéis são selados pelo Senhor. Aqueles que tem no seu coração um compromisso. Jesus usou a Santa Ceia para expressar o seu compromisso com a Igreja: isto é o meu corpo e isto é o meu sangue. Pedro fala que não fomos comprados nem por ouro nem por prata, mas pelo seu sangue precioso no qual temos a redenção, o perdão e a salvação.
Nosso compromisso como Movimento Encontrão
Nasceu do compromisso de amor ao rebanho dos batizados. Constatamos que não baste um rito sacramental sem sua vivência. A aceitação de Cristo, a justificação é a resposta que se espera de que foi batizado como criança.
O pertencimento é ao Reino de Deus. A igreja deve ser a família que facilita as pessoas de alcançar o reino( ai de vós que fechais as portas para o Reino Mt 23).


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Nossa história explica a que viemos:
- “Fazendo discípulos nos moldes que praticava Jesus, queremos dar a nossa contribuição para o Reino de Deus a partir da IECLB”.

- Nosso compromisso, desde o começo, foi em primeiro lugar com a evangelização, não com a estrutura da igreja.
A mentalidade da instituição é moldada pela visão européia. A instituição detém o evangelho e sua interpretação e prática. Isto levou a dominação eclesiástica e cultural... isso contribuiu para a visão etnocêntrica ou de superioridade cultural praticada pelas igrejas da imigração e de missão. Por amor a esta tradição as pessoas de outras culturas são deixadas de lado.
- No contexto da urbanização nasce o ME. Seus iniciadores perceberam o enfraquecimento institucional e da tradição luterana. Ela não era suficiente para segurar a pertence dos membros.

- Quem alcança e transforma as pessoas na cidade não é a instituição, mas o evangelho. A entrada para o corpo de Cristo é a experiência pessoas, mística com o evangelho, não o sacramento do batismo. Daí a razão de nossa ênfase: evangelizar os batizados. Somos o movimento pioneiro na valorização do batismo na IECLB. Ou existirá uma melhor maneira de valorizar o batismo do que ensinar o significado da justificação por graça e fé?

- À medida que o ME foi sendo consolidado, foi sendo ampliada a compreensão do tripé: Conversão(novo nascimento), Edificação( pediatria) e Multiplicação( discipulado). Isto acontecia sobre uma base de cuidado mútuo e diaconia. Os obreiros sempre mais assumiam a responsabilidade pelo cuidado do rebanho e desafiavam os novos crentes a desenvolverem os seus dons para exercerem o ministério que o Espírito Santo lhes conferia, cada qual de acordo com os seus dons. O resultado foi uma maior participação na vida das comunidades e conseqüente maior contribuição financeira, que por sua vez gerou novas comunidades.

- O compromisso com a missão é outro ponto que merece destaque. O evangelismo pessoal utrapassava as fronteiras das comunidades locais. Houve uma troca do modelo comunitário: do VINDE aos cultos ou a Igreja, passou-se ao IDE pregai o evangelho. Exemplo disso são as visitações conjugadas entre visitantes e lideranças locais.

- O compromisso missionário levou a abraçar o desafio da formação e capacitação de lideranças e obreiros. Embora o voluntariado sempre fosse e será a base da missão, há, contudo, um compromisso para não perder aqueles que eram vocacionados para um ministério em tempo integral ou parcial.

- A missão nem sempre caminho nos trilhos da instituição e da tradição. A surgimento das sociedades missionárias na Europa e América do norte são disso exemplos.
A formação de um Currículo Bíblico, depois escola de teologia e Hoje FATEV seguiu o caminho para corresponder as exigências de obreiros identificados com um compromisso evangélico.

- A missão mudou do campo para a cidade. Isso requereu uma nova metodologia. Enquanto no campo o culto tenha tido o caráter de um acontecimento social, na cidade o culto é uma experiência relacional e mística.
Aprendemos também que o evangelho não é uma fórmula mágico, tipo 4 leis espirituais. Ele é o poder de Deus que salva a partir de uma escravidão específica. Não basta dizer a um dependente químico que ela jaz no inferno. É preciso arrancá-lo e colocá-lo em condições de apoio para superar sua dependência. Isto requer um serviço de abnegação que os cultos não oferecem. O mesmo acontece com o oprimido. Moisés foi o libertador que saiu com o seu povo do regime da escravidão. José foi um estadista no Egito, Amós foi um profeta...(livro: o ministério é a resposta a uma necessidade concreta e localizada)

-A missão na cidade requer diversificação de ministérios e programas. Algumas pessoas encontram o caminho da salvação pelos programas normais da igreja. Graças a Deus.
A nova geração está sendo sacrificada pela tradição. O amor aos jovens requer mudanças de acordo com as exigências do contexto.

- O que você está fazendo aqui?
Como Elias é hora de sair da caverna? Qual é a sua caverna? O que você consegue lembrar ou enxergar?
É hora de olhar para frente. A vitória de ontem pode ser o motivo da depressão de hoje. O compromisso é deixar Deus falar. Enquanto houver ouvidos para ouvir a sua palavra e seu espírito, haverá missão.

- Você quer fazer parte dos que se escondem na caverna e só olham para traz ou deixa-se guiar pelo Espírito do Senhor e pela sua palavra? Deixa O Senhor abrir os teus olhos para perceber que milhares que não dobraram os joelhos diante dos falsos profetas ou falsos deuses.

- Na cidade só sobrevive quem tem uma sólida base ancorada em relacionamentos significativos. Na família de sangue ou na família da fé. As instituições são cada vez mais de valor relativo. A caverna igreja voltada para o passado pode ser a causa da depressão missionária. É preciso buscar a presença do Espírito Santo que abra os olhos para os horizontes de Deus.
- O que você está fazendo aqui\?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Esta é uma síntese da mensagem que proferí no Cemitério de Taquara/RS, no momento do sepultamento do amado irmão P. Homero Severo Pinto.
Desculpem-se, se o faço somente hoje. Eu mesmo tive que trabalhar o meu luto pela partida de um irmão tão próximo e de longa caminhada conjunta.
Deus enviou a este mundo uma pessoa sem pecados mas nenhuma sem lágrimas!

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EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA. QUEM CRE EM MIM, AINDA QUE MORRA, VIVERÁ .(João 11.25) Continua vivo em minha memória, aquele cenário da manhã do dia 24 de abril. Por isso, desejo registrar, para memória, uma sintese  das palavras, pro mim, proferidas.
Saúdo a amada Igreja, junto com a família enlutada, com a Paz de Jesus!
Nesta manhã, não tenho outra palavra, senão aquela mensagem, que o amado irmão e colega Homero viveu e, a serviço da qual, deixou-se
consumir: "Eu sou a Ressureição e a Vida".
Esta esperança cristã foi consagrada no Credo Apóstólico, quando afirma:
"Creio na Ressurreição do corpo e na Vida eterna".
Esta palavra é o diferencial cristão sobre a eternidade, pois, hipoteca a certeza de que, assim, como existe corpo natural existirá corpo espiritual na ressurreição.
Homero viveu intensamente esta esperança, conjugada com a Vida que Jesus prometeu, quando sisse: Eu sou a Ressurreição e a Vida.
Uma tal vida não está somente no além. Ela se manifesta aqui, em nossa geração, pela maneira como amamos e nos relacionamos.
Homero viveu intensamente esta mensagem. Seu ministério é estemunha disso.Ele  no foi apenas pastor, mas também, educador. Ele soube acolher pessoas; apoiar a missão de Deus voltada para as necessidades humanas mais elementares.
 Ele soube, como poucos, ministros de Deus, construir relacionamentos.
 A enorme quantidade de flores, que se avolumam aqui, testefica o grande carinho que a Igreja lhe tributa. Desde o mais humilde ramalhete até a coroa de flores mais vistosa está a expressão de um carinho, de um amor e, já, de uma saudade... A grande consternação que sua morte causou à IECLB demonstra  o desejo de  pessoas e comunidades de possuir uma tal liderança em sua direção.
Querida Denize, Catarina, Mateus e demais familiares...
Tenham esta certeza, o Homero não morreu em vão!
Sua maneira de viver e relacionar-se deixa um anorme vazio em nossa Igreja. Contudo, a semente de sua mensagem de amor vivida e e proclamada frutificará para salvação e ânimo de muitas pessoas.
Infelizmente, ele não pode concretizar a alegria e tomar nos braços a sua futura neta...
Por isso, Catarina, quando mais tarde a Letícia indagar neste lugar de saudade:
 - Mãe, por que você está chorando?
E, qunado você então, contiver as lágrimas,  levantar o seu olhar e contemplar esta paisagem cinzenta de cruzes que testemunham momentos de dor e de  saudade... Detenha-se por um momento! Perceba que o sol brilha, a relva se renova,  as árvores florescem, as aves cantam e, pessoas se abraçam...
Assim, a esperança e a vida prometida por Jesus se renova e haverá de triunfar, por mais profunda que seja a dor que hoje nos visita.
Recebam o abraço carinhoso do toda nossa Igreja expressa em tantas lágrimas, mensagens e flores...
E, que o Espírito Santo, o supremo Consolador, seja a presença restauradora em suas vidas! Amém!

domingo, 4 de abril de 2010

MENSAGEM DE PÁSCOA



"Creio na ressurreição do corpo e na vida eterna"

Por muitos anos eu deixei esta expressão junto as demais no Credo Apostólico. Somente quando entendi que esta frase é profundamente revolucionária que lhe dediquei maior atenção e valor.
Sua profundidade e singularidade reside no seu contéudo: Jesus ressuscitou em corpo. Isto é algo radicalmente diferente do que a crença em reencarnação, salvação da alma ou coisa semelhante. Jesus ressuscitou em corpo significa que, em primeiro lugar, que o próprio Deus dignificou o corpo das pessoas. Deus não valorize o corpo menos que a alma ou o espírito. Aliás, para o Deus bíblico o corpo não é nada inferior a "alma" ou o espírito. Isto porque a Bíblia não faz estas divisões. Um ser humano é um todo: alma e espíriti não é algo à parte do do corpo. E todo ser humano está contemplado pelo evangelho. Prova disso é a ressurreição de Jesus em corpo.
O Apóstolo Paulo no texto especialmente dedicado à esperança cristã ( 1 Coríntios 15)afirma que, assim como, existe corpo natural exitirá também corpo espiritual. Isto significa que na eternidade a nossa identidade será preservada. Assim como Jesus foi reconhecido após a ressurreição pela sua voz e seus gestos, todos os cristãos podem esperar o mesmo.
Esta é a mensagem central da Páscoa critã. Jesus triunfou sobre a morte através da ressurreição do corpo. Esta é a sua vitória. Ela é que fundamenta nossa esperança. Por isso a fé em Jesus abre novos horizontes de esperança para a vida humana. E o foco desta esperança está consignada na confissão expressa no Credo Apostólico: Creio na ressurreição do corpo...
Toda transformação humana e social começa pela valorização de si mesmo. Isto é consequência da fé em Jesus ressuscitado. Por isso, ninguém pode anular, humilhar ou tirar o seu valor sem a sua permissão. Adotar o padrão de vida de Jesus é chave para uma nova ética, um novo comportamento, enfim, é a base para uma nova sociedade.
A fé na ressurreição é a chave para viver em novidade de vida.
Viva esta esperança e tenha uma Páscoa abençoada!

quarta-feira, 24 de março de 2010

A CIDADE NA MISSÃO DE DEUS

Resenha do livro: A CIDADE NA MISSÃO DE DEUS, Encontro Publicações/ Editora Sinodal/CLAI, Curitiba, 2008, 2.a reimpressão.

Em boa medida, a Igreja Evangélica Brasileira trata a cidade como os espanhóis e portugueses trataram as terras recém “descobertas”: uma ampla geografia que dispõe de matéria prima para locupletar os ambicionados projetos de conquista. Os invasores buscavam as riquezas naturais tão importantes para a matriz, enquanto os evangélicos buscam a massa humana sofrida e ávida por esperança.
Esta visão anti-evangélica serve para explicar porque o impacto ético dos evangélicos ainda é pouco notável em nossa Pátria.
O livro A CIDADE NA MISSÃO DE DEUS, procura restaurar os principais aspectos da visão de Deus sobre a cidade.
Seu ponto de partida é a palavra de Jesus sobre a cidade de Jerusalém: “Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram”.(Lc 13.35 NVI)
Esta palavra do Senhor oferece a chave hermenêutica para compreender a missão de Deus para a cidade. Jesus vê a cidade na dimensão profética: ela é um centro de poder que promove a morte: “mata os profetas e apedrejas os enviados...”, por isso está sob a juízo de Deus, como demonstraram os profetas ao longo do AT. Por outro lado, ela é digna da misericórdia: “quantas vezes quis reunir teus filhos como a galinha...” Neste dupla dimensão a missão de Deus está voltada para a cidade como um todo. À medida que a visão missionária for do tamanho do coração de Deus haverá esperança de transformação holística, também, para a cidade.
A segunda abordagem do livro trata de analisar os construtores de cidade ao longo da Bíblia. Ressalta as pretensões belicistas dos construtores de cidade e sua culminância nos projetos monárquicos. Seu maior feito é simbolizado na Babilônia, expressão da cidade dominadora, escravagista e perversa.
Em contrapartida, a cidade Jerusalém, á apresentada na Bíblia, como capital espiritual do povo eleito. Ela é portadora da missão de promover a paz e a justiça para toda as nações. Esta vocação estava intimamente ligada à função do templo: “A minha casa será casa de oração para todos os povos” (Is 56.7).
Jesus reivindicou a restauração desta vocação. Contudo, a Jerusalém histórica sucumbiu à tentação babilônica e experimentou o juízo arrazador que culminou na sua destruição no ano 70, sob o comando do general romano Tito.
As grandes cidades, a partir do Pentecostes, tornam-se os corredores da missão de Deus. O caráter, a paixão e o testemunho das comunidades de Jesus trouxe uma nova proposta de vida que, em poucos séculos, minou as bases do Império Romano.
Outro enfoque do livro trata de propor à Igreja um Projeto Ministerial Urbano. Este é elaborado à base do livro de Neemias. Nas pegadas deste missionário leigo encontramos exemplo e fundamentos para um projeto ministerial que vislumbra uma missão integral para a cidade. Sua oração, compaixão, visão, rede de contatos, sensibilidade com os dons e habilidades, administração dos conflitos, celebração das conquistas, capacitação continuada da liderança desafiam e, podem até, revolucionar ministérios baseados na repetição cíclica de rotinas eclesiásticas ou de programas improvisados.
E, finalmente, o livro expõe o processo urbanizatório brasileiro da segunda metade do século XX. A exemplo do que ocorreu com a cidade de Curitiba pode-se fazer uma idéia do que representou o rápido, violento e desordenado processo urbanizatório brasileiro. Em 1950, a cidade contava com cerca de 200.000 habitantes. No ano de 2000, isto é, 50 anos depois, a população de Curitiba ultrapassou os 1.700.000 habitantes.
Diante deste fenômeno cabe a indagação: Até que ponto as igrejas evangélicas históricas tomaram consciência do que representou a violência deste processo migratório que continua até agora com características distintas? O que isto representa como desintegração humana, social, familiar e espiritual? A favelização, a criminalidade, o narcotráfico são as maiores expressões sociais da injustiça institucionalizada protaginizada pela elite nacional que vendeu este país com suas riquezas aos interesses do grande capital internacional. Urge a manifestação profética das comunidades evangélicas. Não é suficiente aguardar novos céus e novas terra num escapismo apocalíptico. Urge um testemunho transformador e corajoso dos filhos de Deus, como a manifestação de qualidade e de esperança em meio a natureza que geme e sofre.
A peregrinação missionária da Bíblia nos conduz do Paraíso para a Nova Jerusalém – a cidade, onde a vida perpassa todo tecido social. Esta nova cidade não é mero fruto do engenho humano mas é dádiva da misericordiosa graça de Jesus. Ela está no final da Bíblia não como utopia ou sonho. Ela está lá como espelho que reflete a esperança daquele que fará novas todas as coisas: Jesus. A missão cristã deve buscar os sinais éticos da realidade restaurada para dentro da cidade histórica concreta em todos os tempos e geografias.
À medida que nossa visão missionária for do tamanho do coração de Deus poderemos sonhar com novos céus e nova terra e, sobretudo, como novas cidades.